
Foi sobretudo esse último acontecimento que fez nascer nos Portugueses, um sentimento de revolta, de consternação e de forte patriotismo e que ajudou ao crescimento das ideias republicanas e do Partido Repúblicano Português. No 31 de Janeiro de 1891 registou-se na cidade do Porto um levantamento militar contra as cedências do Governo (e da Coroa) ao Ultimato inglês por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique. E o primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação do regime republicano em Portugal.
Foi portanto nesse periodo difícil e conturbado que o FC Porto é fundado no 28 Setembro de 1893 por jovens portuenses e partidários da Monarquia que queriam desportivar a cidade e libertando-a da doença do tédio. Isso era aventura e era chique. Governa desde 22 de Fevereiro de 1893 até 1897 o regenerador Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro e reina desde 1889 o D. Carlos I que gostava muito desses novos desportos.
O António Nicolau d'Almeida, jovem comerciante de 20 anos de vinho do Porto em 1893 viajou nesse ano para Inglaterra por razãos profisionais e descoriu e apaixonou-se pelo futebol. Trouxe bolas e quis implementar esse desporto no Porto. Com os amigos e sócios do Real Velo Clube do Porto fundou o Foot-Ball Clube do Porto, no dia 28 de Setembro de mesmo ano. A data da fundação não escolhida por acaso porque era no dia de aniversáo do rei D. Carlos I que tinha nascido 30 anos antes em 1893. A notícia do evento foi publicado em cima da hora pelo "Diário Illustrado", periódico de Lisboa nos seguintes termos: "Fundou-se, no Porto, um clube denominado Foot-Ball Clube do Porto, o que vem preencher a falta que havia no norte do país de uma associação para os jogadores daquela especialidade".
Alguns dos jogadores e sócios do FC Porto são: Fernando e António Nicolau de Almeida, Nugent, Mackenzie, Arthur, Lacy e Roberto Rumsey, Alfredo e Eduardo Kendall, Guilherme Anderson, Wlater Mac Connan, Barbosa, António Maria Machado, José Vale, Artur Ramos de Magalhães, Eduardo Sprakey, A. Johnston, Hans Peters, Jorge Hardy, Joaquim Duarte, Henrique Cunha e A. Vieira da Cruz, etc.
Em 1894, António Nicolau d'Almeida acedeu ao pedido da futura esposa, que considerava o futebol uma modalidade demasiado violenta, e afastou-se do clube que entrou num período de letargia até ser reactivado em 1906 pelos membros do Grupo do Destino, grupo composto de rapazes republicanos, alegre, ruidosa, entusiasta, buliçosa, cuja missão era divertir-se, após as horas de trabalho. Como o António Nicolau d'Almeida foi durante uma viagem a Inglaterra que o José Monteiro da Costa, membro desse grupo, descobra e fica fascinado pelo futebol. Regressa com a vontade de criar um clube. Sabendo por parte de Nicolau d'Almeida do projecto que iniciou em 1893, ele não hesita e fala com os seus colegas que embarcam quase todos nessa aventura. Era o fim do Grupo do Destino e o renascimento do FC Porto no dia 2 de Agosto 1906, assumindo desde logo uma faceta de clube eclético, no qual se praticavam também atletismo, boxe, cricket, halterofilismo, pólo aquático e natação. Apesar de serem republicanos, as cores escolhidas foram o azul e branco, as cores da bandeira nacional e da Monarquia Portuguesa porque para eles, o clube seria o grande represante do País.
O emblema inicial do clube foi uma bola de futebol antiga azul com as letras F C P. Foi em 1922 sobre proposta dum jogador portista Simplício que as armas da cidade do Porto foram postas sobre a bola.
Essas armas do Porto foram atribuíbas pela rainha e duqueza do Porto D. Maria II por Carta Régia em Janeiro de 1837 e vigoraram até 1935. Estão são compostas por:
- Um escudo esquartejado que possui as armas reais (sete castelos e cinco quinas, tendo cada uma cinco besantes no interior) no primeiro e quarto quartéis e as antigas armas da cidade do Porto (a Virgem segurando o Menino, ladeados por duas torres) no segundo e terceiro quartéis.
- No centro, sobre o ponto onde se unem os quatro quartéis, um coração, que representa o precioso legado que D. Pedro IV (pai de D. Maria II) deixou à cidade - segundo a sua vontade, o seu coração encontra-se guardado numa urna de prata na Igreja da Lapa.
- A orlar o escudo encontra-se o Colar e Grã-Cruz da Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e Espada de Valor Lealdade e Mérito, do qual pende a respectiva medalha (na qual estão escritas essas mesmas palavras: valor, lealdade e mérito).
- Sobre o escudo está a Coroa Ducal e o Dragão, pertencente às antigas armas dos Senhores Reis destes Reinos, em cujo pescoço está uma fita com a palavra Invicta, título que D. Maria II atribuiu ao Porto, acrescentando-o aos que a cidade já possuía - Antiga, Mui Nobre e Sempre Leal
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